Manna faz o Brasil vivenciar a ciência do futuro no Museu Oscar Niemeyer de Curitiba
Por Silvia Calciolari

A segunda edição do Manna no Museu reuniu, nos dias 14, 15 e 16 de março, centenas de professores de escolas públicas, graduandos e pós-graduandos de todas as regiões do país para participar do Manna Quantum Festival e do Manna Experience 2025.
Durante três dias, o auditório Poty Lazzarotto e o Salão de Vidros do Museu Oscar Niemeyer (MON) foram espaços para uma imersão no universo da inteligência artificial, da robótica, da internet das coisas, da quântica e do metaverso, os hard skills, concebido pelo projeto Manna Team. Também foi possível tratar e pensar em softs skills, estratégias para conquistar sonhos, afetos e felicidade dentro de um mundo cada vez mais competitivo.
O tema do evento está relacionado à decisão da Organização das Nações Unidas (ONU) que proclamou 2025 como o Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quântica. O Manna Quantum Festival foi escolhido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para sediar as celebrações da comemoração no Brasil.
Pioneiro em pesquisas e práticas no mundo por meio da Educação 5.0, o Manna é, reconhecidamente, o maior ecossistema de ensino, pesquisa, extensão e inovação em Tecnologias Exponenciais, aquelas que contribuem para mudanças rápidas na sociedade.

Em 2024, as ações do projeto envolveram 93 mil pessoas em 68 instituições de ensino superior e, aproximadamente, 230 escolas públicas em quase todos os estados brasileiros, exceto Acre e Tocantins. A meta para 2025 é levar os kits do Manna para todos o território nacional.
Já na abertura no Manna no Museu, a idealizadora e coordenadora do Manna Team, a professora Linnyer Beatrys Ruiz, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), relembrou sua trajetória iniciada há 25 anos e os desafios que enfrentou para transformar uma ideia da infância em projeto de vida.
“O propósito é levar as Tecnologias Exponenciais para os alunos das escolas públicas, através da formação de professores e lideranças, e transformar estes alunos em pessoas exponenciais”, afirmou.
Exponencial é uma característica de tudo aquilo que possui um rápido desenvolvimento. Assim é a tecnologia que muda cada vez mais rápido e permeia a vida em sociedade.
“As pessoas também mudam rapidamente e a ciência é a porta de entrada para um mundo onde meninas e meninos podem se transformar, inclusive, agorinha mesmo. Para isso acontecer, é preciso formar e valorizar a Educação e o magistério”, completa Linnyer.

Ecossistema
As ações do Manna Team contemplam Internet das Coisas (do inglês, Internet of Things, conhecido como IoT), Internet dos Drones (Internet of Drones, conhecido como IoD), Internet Robóticas das Coisas (Internet of Robotic Things, conhecido como IoRT), Internet de Todas as Coisas (Internet of EveryThings, conhecido como IoE) – próteses biônicas e interface cérebro computador, Inteligência Artificial (IA), jogos, Computação Quântica com vistas a diferentes cenários e mercados.
Durante o Manna no Museu, foram programados experimentos para criar oportunidades para os participantes pilotar drones, robôs, conhecerem o metaverso, conhecerem todas essas tecnologias chamadas de disruptivas, além de exposições e defesas de trabalhos científicos,
O evento foi realizado com o apoio do projeto Manna BR e do Manna Quantum, ambos com fomento do CNPQ, e contou com a parceria do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Manna Academy, uma iniciativa da Fundação Araucária e da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI).

Momento excepcional
O presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig, participou da abertura e enalteceu o grande momento da ciência paranaense. Ele destacou a importância do NAPI Manna Academy, e dos outros 40 NAPIs em atividade, para alavancar o desenvolvimento de soluções inovadoras, a qualificação de recursos humanos e a estruturação de redes colaborativas que impulsionam o avanço científico e tecnológico do Estado.
“Em 40 anos, vivemos um tempo excepcional em termos de apoio e incentivo, que irá fazer, num futuro bem próximo, uma grande diferença para o desenvolvimento do Paraná em termos de desenvolvimento regional, com as pesquisas e tecnologias inovadoras”.
No mesmo sentido, o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Nelson Bona, enfatizou a estratégia de popularização da ciência, porque se insere num contexto para a relevância da ciência para o Paraná e o Brasil.
“O Manna é uma ferramenta fundamental nesta construção porque trabalha as bases do raciocínio científico e do pensamento computacional, que hoje possui uma repercussão e alcance nacional”, comemorou.
Diante de uma plateia com participantes do evento vindos de todo o Brasil, Bona afirmou que o Paraná possui um Fundo de Ciência e Tecnologia para programas e projetos de C&T, criado na Constituição Estadual de 1989 e regulamentado em !998. Em 2019, o orçamento foi de R$ 70 milhões, e em 2024, os recursos passaram de R$ 700 milhões para o desenvolvimento da ciência paranaense.

Afeto e Apoio
Os participantes do Manna no Museu 2025 puderam conhecer um pouco da origem do projeto que tem transformado a vida de alunos e, também, de professores pelo país. A coordenadora do Manna, professora da UEM Linnyer, contou um pouco da sua trajetória, especialmente dos desafios de ser uma mulher na ciência.
“Eu decidi ser cientista quando descobri, aos quatro anos, que mandaram a cachorra Laika para o espaço e ninguém foi buscá-la. Tive que enfrentar vários ‘você não pode!’ por ser mulher, vinda de uma família humilde do interior do Paraná e ousar querer estudar Engenharia de Computação, na PUC em Curitiba”, rememorou.
Nos anos 80, Linnyer conseguiu o apoio de professores na graduação como Flávio Bortolozzi, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR), reconheceu na menina de 16 anos o seu verdadeiro potencial e esteve presente nesta edição para dar o seu depoimento.
“Tive o prazer de acompanhar a carreira acadêmica da Linnyer, acreditei nela e pude influenciar no seu desenvolvimento como cientista, professora e liderança. Ela é a prova de que somente teremos ciência e cientistas de qualidade se a gente tiver fé e acreditar nas pessoas”.

Como sempre Linnyer gosta de reforçar, no seu caminho apareceram ‘outros anjos’.
Um deles é Rodrigo Calvo, professor de Robótica da UEM, um dos participantes do Manna desde que ingressou na universidade na graduação, quando foi convidado para participar. Cresceu com o Manna e hoje é um dos coordenadores, se transformando numa peça fundamental neste ecossistema.
“O Manna é um movimento que se mostrou uma teia tão grandiosa e inspiradora para popularizar a ciência, que a gente acaba sendo contagiado também. A gente que trabalha e vai nas escola, ver os olhos brilhantes das crianças é muito gratificante ”, destacou.
Outro entusiasmado com a proposta, Paulo Alvim, ex-ministro da Ciência e Tecnologia (MCTI) e atual consultor da Fundação Araucária, foi um dos convidados para o Manna no Museu para dar boas vindas aos participantes.
Eles se conheceram há sete anos, quando era o Secretário Nacional de Inovação e percebeu alguns diferenciais no projeto Manna. Entre eles, o fato de ser liderado por uma mulher e com o objetivo de formar profissionais de tecnologia.
“O que me chamou atenção na proposta foi o fato de ser para jovens, meninas preferencialmente, e para alguns territórios diferentes como indígenas. Por já terem experiências anteriores exitosas, a ‘briga’ foi fácil para começarmos a apoiar. Por sua relevância e impacto na sociedade, hoje eu sou Manna Team de coração”, salientou.

O Manna Team convidou ainda Joaquim Gabriel, professor de Engenharia da Universidade do Porto, em Portugal, que manifestou o seu contentamento com o projeto, o evento e a sinergia entre todos os participantes.
“Estou encantando com o que vejo, porque acredito que temos que investir em educação, valorizar os professores, que são aquelas pessoas que transformam as pequenas mentes que vão transformar o mundo”, disse.
Também estiveram no Manna no Museu 2025 Mirian Fabiane Simões, da Controladoria Geral do Estado do Paraná; Diego Nogueira, diretor de relações institucionais da Secretaria de Inovação do Paraná (SEI/PR); Maria Zaíra Turchi, consultora da Fundação Araucária e ex-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entre outros convidados.
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